Nossas percepções e suas consequências.

Nossas percepções e suas consequências.

Outro dia estava assistindo um unboxing (desembalar) de um smartphone no YouTube.

No vídeo, o apresentador (Mindshare – Influenciador Digital) fez uma avaliação negativa do aparelho apenas por causa da tecnologia “In-Glass Fingerprint Reader” (Leitor de impressão digital em vidro, em tradução direta), não porque ela não funcionava direito – sim, ela funcionava perfeitamente para uma tecnologia recém lançada – mas ele não gostou, porque demorava meio milésimo de segundo para liberar o acesso ao smartphone, em comparação ao melhor leitor de impressão digital normal. Fiquei meio pasmo.

Explicando: Essa nova tecnologia permite que através do vidro – aqui no caso a tela do smartphone – seja possível a leitura da impressão digital. Com isso, você não precisa: virar o smartphone, procurar onde fica o leitor, colocar o dedo no leitor, para então desbloquear o celular, virar novamente e conseguir acessá-lo . Apenas clicando na tela.

O que me fez parar e pensar na nossa percepção como consumidor, e nossas reais necessidades. E o que isso implica no processo de criação e inovação de um produto? Como seu produto é comparado a outros produtos com tecnologias semelhate? E qual o risco uma empresa pode ter ao considerar avaliações de usuários finais?

Temos que sempre levar em consideração as dúvidas, sugestões e críticas de nosso consumidor final. É ele que está avaliando constantemente o nosso produto, e você quer que ele se torne um consumidor fiel.

Hoje analisamos muito o Comportamento do Consumidor, e o levamos em consideração no nosso Planejamento Estratégico. Como o seu público-alvo comporta-se frente a uma questão, tecnologia, novidade, estímulo, ou informação – é extremamente importante para marca, empresa e produto.

Por esses motivos levamos em conta a avaliação deles, porém essas avaliações, quando negativas, e erroneamente mal avaliadas, devem ser sumariamente trabalhadas para que não atrapalhe sua promoção e divulgação. Antes que tornem uma Distorção Seletiva, onde o consumidor interpreta as informações de acordo com os seus desejos particulares.

No caso acima, se eu pegasse um celular de um concorrente e cronometrasse o tempo que levo para pensar em desbloquear o meu celular, até conseguir acessá-lo, é quase humanamente impossível de medir essa diferença. Essa diferença, seria de milésimos de segundo! Mas nossa percepção sente essa “lentidão” e com isso automaticamente definimos que não é melhor que o outro. Tem que ser no mínimo igual ou superior.

E porque não posso demorar UM segundo a mais? O mais importante deveria ser a segurança e não a rapidez, certo? E hoje analisamos que para uma parcela significativa de consumidores, alguns desejos são mais importantes que outros, mesmo eles sendo irregulares para outros.

Percepção é um fator psicológico que pode influenciar na escolha do consumidor, um processo em que o indivíduo seleciona, estrutura e decifra as informações recebidas. A percepção depende não só de estímulos físicos, mas também da compreensão da relação desses estímulos com as necessidades vigentes naquele momento.

Mas até onde deixamos com que essa percepção do consumidor dite as regras do desenvolvimento de um produto?

Hoje estamos em um momento, em que os jovens (a geração Y, dos nascidos depois de 1990) querem tudo mais rápido. Se analisarmos esse motivo profundamente, esses jovens nasceram no meio de uma guerra entre empresas de tecnologia, que a cada ano produzem processadores mais rápidos e menores. E essa guerra reflete no processo do consumo deles.

Gordon E. Moore, previu uma aceleração no aumento da capacidade dos processadores, em 1965, onde a cada 18 meses teríamos um novo processador com 100% da capacidade de processamento do anterior, e essa teoria acabou virando a Lei de Moore. As empresas do setor, acharam essa afirmação um desafio e mantiveram seus estudos para bater essa Lei, acelerando ainda mais o processo.

Antes tínhamos um celular “com algo novo” a cada cinco anos, depois caímos para três anos, depois para dois anos, um ano… E agora, poucas semanas do lançamento de um smartphone top de linha, já começamos a conjurar como vai ser o próximo, que sairá dentro de alguns meses.

Essa aceleração não se vê apenas em smartphones, mas também em outras áreas: Temos que ter novidades constantes na área da informática, na área de alimentação, de aparelhos domésticos, na indústria automobilística, e até na área de serviços. Tudo tem que ser mais rápido ou ter algo novo, em pouco tempo. Isso acaba refletindo não só no consumo, mas também no mercado de trabalho com a necessidade de “novas” forças de trabalho que nem existem, e por consequência refletem na economia global.

E como se defender desse cenário? No chamado Marketing 4.0 (Philip Kotler), estudamos como chamar a atenção dos clientes através das mídias digitais. Como criar defensores da sua marca e dos seus produtos. Como achar as pessoas que vão influenciar e disseminar o seu produto. Mas também temos que levar em consideração o quanto um ponto negativo é disseminado rapidamente no mundo digital e globalizado.

Quando um conteúdo gerado pelo usuário (CGU) afeta o seu projeto, e é nessa hora que você tem que agir rapidamente na comunicação do seu produto, para que esse conteúdo não afete suas vendas. Esteja preparado para rever a sua comunicação em caráter emergencial.

No caso acima, a percepção do usuário está errônea? Qual é a maior importância dessa nova tecnologia: A segurança e praticidade? Ou praticidade e rapidez?

Foi então que pensei, por exemplo, em uma revisão emergencial da comunicação:

“Nós somos meio milésimo mais lentos que o concorrente! Mas somos mais seguros e mais práticos. Pense nisso!”

Pensando profundamente… O quanto estamos exigindo demais? E valorizando fatores que não deveriam ser levados “tão” em consideração? Ou estamos em um redemoinho sem volta em que o mercado será assim, graças a potencialização da importância das percepções do consumidor? E quais serão as consequência a longo prazo?

Você como empresa, já pensou nas consequências? Vai chegar uma hora que você não vai terá mais o que inventar e isso será uma decepção para o seu consumidor fiel, que sempre quer mais! E que você mesmo criou, em ter sempre novidades! Quais serão essas consequências?

Se você não conseguiu responder em meio milésimo de segundo, você está fadado a ser substituído nessa mesma velocidade.

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Posted by Inovar Impar | 22/12/2017
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